Esta semana o colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, voltou a ser assunto de jornais por causa de uma portaria relacionada a política de igualdade de gênero (já adotou o uso do nome social e o uso da letra “x” em palavras com distinção de sexo). Neste momento é a liberação do uso das saias (saias plissadas - chamadas de ‘saias seis machos de tergal’) para todos os estudantes que sentir vontade de usá-las e não passarem por situações de constrangimento dentro da escola. Mesmo que algumas pessoas, por ideologia e princípios, não concordem com as identidades: transexuais, travestis e gays. Nós existimos. E como cidadãos, estamos cada dia mais conscientes de nossa cidadania se conquista através de práticas de visibilidade. De tomada de atitudes! O universo das diversidades é um universo: há inúmeras maneiras de ser gay, transexual, lésbica e travesti quanto de ser homem e de ser mulher. Não há apenas um jeito de ser homem e nem um jeito de ser mulher.
A escola é, ou deveria ser, um espaço de discussão permanente sobre a sociedade. Porém, muitas e muitas escolas são apenas depósito de tempo e manutenção de adolescentes para que os pais possam trabalhar o dia todo ou para ficar livres de seus filhos. E quando algumas instituições (infelizmente, é muito pequeno o número de escolas que refletem sobre as práticas sociais como prática pedagógica) fazem do cotidiano momento de reflexão: é um deus nos acuda! Os pais saem do trabalho mais cedo, deixam de fazer tudo para ir questionar o que as escolas estão fazendo de seus indefesos filhos. (quantos mitos existem em relação a tudo neste mundo)
Todo mundo quer dar palpite: inclusive eu.
Sou muito crítico ao uso obrigatório de uniformes (uniformizar, para mim, é uma maneira disfarçada de impedir as manifestações individuais. Muitos dirão: mas têm alunos que não têm dinheiro para comprar um uniforme. Mais um motivo para deixar que usem a roupa que já têm. Ou, liberar o uniforme permitiria o uso “sem noção” de muitos adolescentes de usar roupas ultrapowerhipermega curta). A escola não é um lugar sagrado, não é uma igreja. É um espaço de convivência e de aprender a conviver com o diferente e não existe ensaio para a convivência na vida.
E como um simples pedaço de pano ao redor da cintura causa tanto tumulto. Não é apenas um tecido, né? E o que é uma saia?
Estes momentos são excelentes para que a gente possa visualizar o quanto a vestimenta está em constantes disputas ideológicas.
As saias foram usadas, primeiramente, pelos homens! Sim
"O homem das cavernas amarrava a pele de bicho na cintura e ficava parecido com uma tanguinha, sabe?", explica o historiador e professor de moda João Braga.
A permissão do colégio Pedro II está de parabéns ao evitar que pessoas trans ou qualquer outra pessoa (a roupa não está colada ao sexo) enfrente constrangimentos e violências psicológicas desnecessárias. As minorias não está querendo inventar a roda, nem querem acabar com o homem e a mulher (podem ficar despreocupados) mas ampliar os hábitos, as vestimentas, o modo de ser, a identidade para além de uma dicotomia simplista.
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